quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Dog food


Neste post é-nos recomendado que, para as nossas sessões de trading, compremos comida de cão pronta a ser ingerida caso fujamos às regras que estabelecemos ou percamos o controlo emocional.
Acho que me vou deliciar com alguns petiscos caninos sempre que perder dinheiro em back ao Raonic. Dizem que a marca Pedigree é a melhor, mas a minha cadela até parece gostar mais da comida para cão do LIDL, o que me deixa um pouco indeciso.

Agora fora de brincadeiras, dêem uma olhadela nesse blog feito pelo richard9, com boas dicas para ténis e para o trading em geral. 


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Resposta


Obrigado pelas vossas respostas, gostei de as ler e algumas estiveram muito próximas dos meus pensamentos para este post. 

Por vezes no poker temos uma mão que passa de razoável a excelente à medida que as cartas vão saindo. Quando sai aquela ultima carta que vira as odds a seu favor, o jogador só pensa que se soubesse que aquela carta ia sair, poderia ter trazido mais fichas para a mesa em fases anteriores. Mas ninguém é bruxo, digo eu.

No trading existem situações semelhantes. Pode ser a equipa de futebol que tinha dificuldades em marcar, mas que marcou um golo e é muito forte em segurar a vantagem. Pode ser o tenista que conquistou um break e é patrão no seu jogo de serviço. Nos cavalos (pre-live) esta situação é clássica. Quando um cavalo está a ser transaccionado entre 2.2 e 2.3 (suporte/resistência), mas o back a 2.1 tem mais valor que o back a 2.2, porque se o preço atingiu o 2.1 significa que quebrou o suporte e tem boa probabilidade de descer com força. 

Acontecia-me por vezes um preço descer e ainda assim eu achar que tinha valor em back, mas não fazia back porque me custava fazer back a um preço que já tinha descido tanto. Sabia-me a oportunidade desperdiçada. Mas por vezes é o preço a pagar para ver as cartas na mesa. Se não têm confiança na vossa mão, esperem pelo flop, ou pelo turn, ou pelo river. Isto leva-nos a uma das maiores exigências de um trader: a paciência. E a grande vantagem do trading em relação ao poker é que não temos que pagar para ver as cartas na mesa.

domingo, 25 de novembro de 2012

Pergunta

Hoje, uma pergunta, aplicável a qualquer mercado. Num determinado evento, para a mesma selecção (equipa, jogador, cavalo), em que situações um back a 1.5 pode ter mais valor que um back a 2.0? Ou seja, a odd começou a 2.0 mas por alguma razão desceu para 1.5. Gostava de ouvir as vossas respostas.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Something simple



"We learn through repetition. Or repetition makes more familiar. Seeing something over and over again makes us have a better understanding of what is likely to happen. Experience is the best teacher. People would probably be surprised to watch a full-time trader trade, once they discovered that they probably do something very simple, repeatedly."

@ liabilitytrading.com 

domingo, 18 de novembro de 2012

Season finale...


Foi com uma final emocionante que terminou a época de ténis de 2012. O meu coração estava dividido pois de um lado estava o David Ferrer e do outro Radek Stepanek, dois tenistas que aprecio bastante. O Ferrer não merecia sair derrotado pois foi avassalador nos seus jogos e terminou a sua excelente época da melhor forma. Já o Almagro tem muito talento mas não tem a atitude de campeão de outros seus conterrâneos e hoje foi lamentável a sua reacção em algumas situações.
Quanto ao Stepanek, já gostava bastante do seu estilo clássico com uma presença forte na rede e com recurso frequente ao serve and volley. Não tinha presenciado ainda era esta sua faceta de luta e de fome pela vitória. Parecia mais ele espanhol que o Almagro e fisicamente nem se notou os seus 34 anos. Eu próprio esperava uma quebra física no quarto set após o break e por isso a minha ultima posição de 2012 no ténis acabou por ser negativa. 


  

Resta-me então começar a preparar a nova época. Para o resto de 2012 vou:

*  Ver jogos em diferido de jogadores que conheço menos e principalmente de jogadoras, para aproximar cada vez mais o meu conhecimento de WTA ao de ATP. Quero conhecer bastante bem o Top 30 do WTA e isso só se consegue vendo jogos completos das jogadoras em fases boas da época, em fases más, e se possível, nas várias superfícies.

*  Continuar esporadicamente a fazer cavalos em in-play sem recurso a imagens. Tenho introduzido estratégias novas e não sendo um mercado tão lucrativo como o ténis, é um mercado que me dá bastante gozo porque mesmo com uma gestão de banca eficiente, consegue-se percentagens de 200-600% da banca inicial em apenas um dia, o que é incrível e nada comparado a qualquer outro mercado na Betfair. Claro que em live as stakes são limitadas e por isso uso bancas pequenas, não uso bancas de 2.000€ para andar a fazer lays a odds de 20, como às vezes vejo nos fóruns...

* Voltar a fazer umas futeboladas de vez em quando, coisa que me tenho baldado ultimamente. De qualquer forma, façam o que eu digo, não façam o que eu faço: se são menos experientes e querem evoluir no trading, escolham um mercado e foquem-se apenas nesse mercado. Fazer várias coisas ao mesmo tempo só atrasa a vossa evolução, eu próprio já fui prejudicado por isso. Só que um dos meus objectivos de há muito tempo é ter EV+ nos três principais mercados da Betfair: futebol, ténis e cavalos. Não só pelo desafio pessoal mas também pela liberdade extra de escolha de horários, jogos e dias/meses de trabalho. O futebol é, dos três, aquele que tenho menos experiência.

  
Entretanto até ao final do ano irei falar dos meus objectivos para a época de ténis de 2013.  Irei também fazer uma antevisão da nova época. Em 2013 vão também voltar as análises pré e pós jogo ao estilo dos meus tempos no Valor Esperado. Espero que esta época vos tenha corrido bem e que a de 2013 seja ainda melhor!


sábado, 17 de novembro de 2012

Papel, pedra, tesoura


Diz-se muito que o estilo de jogo do Nadal incomoda o Federer, o estilo de jogo do Federer incomoda o Djokovic e o estilo de jogo do Djokovic incomoda o Nadal. Um pouco como o jogo do papel, pedra, tesoura.
Enquanto a validade deste facto possa ser questionável e debatida, o fundamento tem a sua razão de ser. 

Existem várias razões para um jogador de qualidade inferior vencer um favorito. Inspiração de um, falta de inspiração de outro, cansaço físico, factor casa, e por aí fora. Uma das mais importantes razões é o choque ou a compatibilidade de estilos. 

Somente a título de um exemplo muito básico, vamos imaginar três jogadores de nível muito idêntico mas de estilos distintos. O primeiro um baseliner de características defensivas ao estilo do Ferrer, o segundo um exímio jogador de rede do género do Stepanek, e o terceiro um atacante de alto risco como é o caso do Sam Querrey.
Podemos imaginar que o jogador de rede possa ter facilidades contra o jogador defensivo que tem estilo de jogo mais lento que lhe permita subir à rede mais vezes e concluir os pontos onde mais se sente confortável. Por outro lado o jogador atacante, por imprimir elevada potência nas suas pancadas para o fundo do court, consegue empurrar o jogador de rede mais para trás, longe da sua zona de conforto.

Claro que isto é só um exemplo, a realidade é bem mais complexa. Mas tudo isto para sublinhar mais uma vez a importância de conhecermos bem o desporto e os jogadores com quem trabalhamos. Quanto melhor conhecemos os intervenientes de uma partida, mais conseguimos visualizá-la e construir cenários possíveis. 
É comum encontrar odds de certos favoritos bem baixas e de extremo valor apenas porque o seu adversário, apesar de inferior, tem um estilo de jogo que conseguimos imaginar que possa ser incómodo para o nosso favorito.

sábado, 10 de novembro de 2012

Player Profile for Trading - Benoit Paire

Não queria fugir muito do top 30 na construção dos player profile, mas sem dúvida que haverá jogadores de interesse abaixo dessa lista de que vale a pena falar. Um deles é sem dúvida este Benoit Paire, por ser um jogador novo e talentoso, e que tem vindo a subir no ranking, sendo por isso um potencial top 30 no futuro. Começou-me a chamar à atenção num torneio de terra batida (não me lembro qual) em que chegou à final e desde aí tenho-o visto aqui e ali nos grandes torneios.

Benoit Paire
Actual #41

Pontos fortes: É um baseliner típico que privilegia as longas trocas de bola e que espera o momento certo para atacar. É forte na direita mas a esquerda não fica muito atrás. Tem um bom toque de bola e recorre ao amorti com alguma frequência. O serviço é outra das armas de excelência, o que o torna um jogador bastante completo. Quando a sua disposição física e psicológica está no ponto, é um jogador temível.
Não é propriamente um ponto forte, mas mais uma vantagem: o público parece gostar dele mesmo em torneios fora de França. É muito comum ouvir-se várias vezes "allez Benoit" nos seus jogos. Não sei se não é por ser engraçado e soar bem, mas o que é certo é que acaba por empurrar o público para o seu lado.

Pontos fracos: Paire pode ser o típico jogador talentoso que passa ao lado dos holofotes por não ter uma disponibilidade psicológica que acompanha o seu talento. É um jogador que quando se irrita pode até não ser muito expressivo mas o seu ténis muda drasticamente e os pontos fortes descritos acima deixam de existir. Se o virem assim, não esperem tão cedo por uma reviravolta, e assim sendo, pode ser desinteressante para backs altos.
Como também é inexperiente nos grandes palcos, já o vi por diversas vezes tremer em pontos decisivos do set contra jogadores de escalão acima do seu.
São problemas que podem ser resolvidos com a idade (ainda que, com 23 anos, já não seja propriamente um júnior), e se o forem, não tenho dúvidas que Benoit Paire se vai tornar num grande jogador.

domingo, 4 de novembro de 2012

ATP "1000"


Ainda que eu tenha adiado os posts relativos aos torneios a decorrer para 2013, não podia deixar esta passar. De facto tem sido incrível como este anónimo tem deixado para trás jogadores como Kohlshreiber, Cilic, Murray, Tipsarevic e Simon.
De vez em quando aparece um assim a fazer uma gracinha. Como o Rosol em Wimbledon. Só que este Janowicz repetiu a gracinha várias vezes até chegar à final.
Claro que o jogador beneficiou de muitas nuances... não houve Federer nem Nadal. Não apanhou Djokovic. Apanhou jogadores com o cansaço de final de época, outros talvez já com a cabeça em Londres. Mas venceu jogadores supostamente muito acima da sua liga. E, como o próprio admitiu, sem quase dormir na noite anterior devido à ansiedade.
O Murray disse que ele era um jogador diferente dos outros da sua estatura e é verdade. Serve bem e tem potência como os outros, mas têm uma mobilidade no court e um toque de bola que os outros não têm.

Hoje vai jogar com o Ferrer e já nada surpreende. O Janowicz têm utilizado o amorti de forma até exagerada mas tem ganho muitos pontos assim. Contra o Ferrer não pode ir por esse caminho, porque o Ferrer não papa amortis. Geralmente apanha-os quase todos. Vai ter que usar a sua potência e ser paciente contra a teimosia defensiva do espanhol. O peso emocional de uma final destas vai valer muito, mas se as emoções não prejudicaram nas outras fases quando era suposto, já nem sei se vão pesar nesta final. 

No mercado do vencedor do torneio, foram correspondidos 92€ a odd de 1000 no Janowicz.  Será que este ATP 1000 vai ser o ATP do 1000? Assim o veremos!

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Estatística & Feeling


It's everywhere. Nos fóruns e salas de discussão sobre apostas de trading. Todo o mundo diz que um dos segredos de se apostar com sucesso (para além do controlo emocional) é pôr de lado os nossos feelings e as nossas fezadas e apostarmos, digamos, de uma forma matemática, atendendo às estatísticas para encontrar odds que sejam favoráveis. Hoje vou falar de estatística, de feelings e da importância que ambos têm na minha forma de apostar.


* Estatística 


Quando há eleições, aparecem as previsões que são feitas com base numa amostra de milhares de pessoas com diversas características demográficas e psicográficas. Elas são feitas por entidades altamente competentes que antecipam os vencedores e a percentagem de voto. E mesmo estas previsões falham frequentemente. Posto isto, vou ser directo: não entendo a utilização da estatística como base na decisão de se apostar.

Vou começar pelo futebol. Todos os anos muitas equipas mudam de treinador, com filosofias completamente diferentes do seu antecessor. Depois há aquelas que não mudam  de treinador mas mesmo assim a sua performance desportiva muda drasticamente apenas porque saíram e/ou entraram elementos nucleares dos habituais titulares. Todos os anos as equipas mudam, e quantos mais anos passam, mais díspares são as equipas. Nos dois últimos campeonatos conquistados pelo Benfica, qual é o ponto comum entre o futebol do Benfica do Trapattoni e do Benfica do Jesus? Eu não vejo nada. Não compreendo como é que há pessoas que tomam decisões com base em estatísticas com dados de há 10, 5 ou mesmo de 3 anos para trás.

Então sendo assim, considerando apenas os dados da época actual, vou trabalhar quando? No final da época? Uma equipa de futebol, em Abril, terá feito 40 jogos, se tanto. Voltando às eleições, se eu fizer uma previsão com base na resposta de 40 pessoas, é o trabalho cientifico mais absurdo à face da terra. Se eu apresentar uma tese académica com resultados tirados de um inquérito feito a 40 pessoas, o júri não me dá uma nota, dá-me um tiro.

No entanto há pessoas que arriscam dinheiro baseando-se em amostras tão insignificantes como 40 jogos, muitas vezes em ligas que nunca viram sequer as equipas jogar.
Para quem não sabe, as casas de apostas formam odds de forma quase automática, através de um software que analisa estatísticas de encontros passados. Depois há pequenos ajustes consoante situações excepcionais (lesões, etc.) e consoante a confiança dos apostadores. Mas a base é a estatística. É por isso que o Manchester era claramente favorito contra o Bilbao na Liga Europa. É por isso que o Djokovic deste ano teve odds do Djokovic do ano passado. Por isso, na minha opinião, não é na estatística que encontramos o valor, mas sim nas situações onde a estatística está redondamente enganada. E não são assim tão poucas.

Para o ténis a estatística ainda mais falível é. Se dois jogadores já se encontraram 10 vezes no passado já é muito bom. E essas 10 vezes ainda se dividem pela superfície.  E a carreira de um jogador pode mudar tão de repente que o passado pouco importa. O Djokovic de 2010, 2011 e 2012 são 3 jogadores distintos.

Em suma, vejo as estatísticas como mera curiosidade ou informação adicional, mas não é a minha base de decisão. Poderia servir também para escolher os melhores encontros para trading, mas se conhecermos bem os jogadores, não precisamos de consultar a estatística: sabermos isso por nós mesmos.


* Feeling 


Então se, na minha opinião, a estatística não é o caminho para se ter sucesso nas apostas, como pode ser o feeling, se a maioria dos apostadores o segue e falha compulsivamente?

Antes de mais, o que é o feeling? Bem, apostar com feeling não será muito diferente que "tomar o caminho mais longo, porque a esta hora deve estar trânsito no principal" ou "levar as meloas mais leves porque normalmente são mais saborosas".

O feeling não é nada mais que uma sensação de deja vu, de observarmos uma situação idêntica a outra ou várias outras no passado e por isso existe grande possibilidade de ter um final idêntico. No fundo, não é nada mais que a identificação de padrões, um termo tão falado no mundo do trading. Para mim o problema de muita gente não está em seguir os seus feelings, mas na sua atitude perante os seus feelings, nomeadamente nestes três aspectos:

1.  Muitos apostadores criam expectativas exageradas perante os seus feelings. Ao ponto de não aceitarem bem estar errados. Acontecer B "quando era tão óbvio" que ia acontecer A. Aqui já entram as questões psicológicas de controlo emocional.

2.  Muitos apostadores escolhem os preços errados. Acham que só porque têm um feeling que algo vai acontecer, isso tem que acontecer mesmo, e por isso, qualquer preço serve porque é "dinheiro garantido". Temos que compreender que uma odd de 1.5 já representa algo muito provável de acontecer. Por isso para mim é mais fácil ver valor em odds de 2 ou mais porque são odds que representam algo pouco provável de acontecer, no entanto em muitas elas detecto uma probabilidade de acontecer bastante acima dos 50%.

3.  Muitos apostadores não têm experiência e conhecimento suficientes e isso origina feelings errados. É o que acontece quando conhecemos mal um desporto ou os jogadores/equipas com que trabalhamos. Eu sei bem qual era a minha visão quando conhecia pouco o ténis e qual é a minha visão agora, depois de ver centenas de jogos. É fulcral conhecer bem os jogadores com que trabalhamos.

Fica assim registada a minha opinião sobre o tema. Espero que vos seja útil independentemente de concordarem ou discordarem. Tenho um feeling que sim!